O que é Fobia

A Fobia é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo irracional de uma situação, atividade, lugar, objeto ou animal, mesmo que isso não represente qualquer perigo. Ou seja, a ansiedade que uma pessoa fóbica sente é desproporcional à circunstância em si.

Existem tanto Fobias específicas, como medo de animais, de altura, de ferimentos ou de sangue, quanto complexas, como medo de interações sociais. Geralmente, os transtornos simples se manifestam quando uma pessoa tem um senso de perigo exagerado ou irrealista sobre algo e evitar os gatilhos específicos.

O desenvolvimento de Fobias pode estar ligado à interação entre fatores genéticos e ambientais, a condicionamentos, a eventos negativos relacionados a uma situação ou objeto, a mudanças no funcionamento do cérebro ou a experiências traumáticas vividas na infância. Por isso, crianças e jovens são suscetíveis a apresentar esse tipo de transtorno.

Segundo uma pesquisa realizada por Fernando Asbahr, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), aproximadamente 10% das crianças e adolescentes preencheram critérios diagnósticos para algum tipo de transtorno de ansiedade. Nessa população, a prevalência de Fobias específicas é em torno de 2,4 a 3,3%, e de Fobia social, de 1%.

Conheça alguns tipos de Fobia

Acrofobia

A acrofobia é caracterizada pelo medo irracional de altura e pode ser causada por diversos fatores, como instinto de sobrevivência exacerbado e experiências traumáticas. Uma pessoa que caiu de um lugar alto ou presenciou um acidente envolvendo queda livre, por exemplo, tem grandes chances de desenvolver esse tipo de fobia.

Os indivíduos que sofrem desse transtorno costumam apresentar sintomas físicos e emocionais intensos quando estão em locais altos, como vertigem, tremor e pânico. Nos quadros mais graves, o acrofóbico não consegue subir escadas, morar em prédios, entrar em elevadores ou dirigir sobre pontes.

Aerofobia

Diferentemente do que muitos pensam, uma pessoa que sofre de acrofobia nem sempre terá medo de andar de avião. Por isso, há um nome específico para o medo irracional de voar, que é aerofobia. Geralmente, a pessoa que desenvolve esse transtorno de ansiedade se restringe ao uso de transportes terrestres ou marítimos.

A aerofobia pode limitar a vida do indivíduo tanto em questões de lazer quanto profissionais, pois muitos acrofóbicos deixam de viajar para outros países nas férias, de participar de congressos internacionais ou de ir a reuniões em filiais estrangeiras da empresa devido à ansiedade incontrolável que esta situação causa.

Agorafobia

A palavra agorafobia é usada para designar o medo irracional de lugares abertos, fechados ou de multidões devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que não terá ninguém por perto para receber auxílio caso apresente sintomas incapacitantes, como pânico ou crises agudas de ansiedade.

Normalmente, quem sofre desse transtorno fica muito dependente de outras pessoas, pois precisa ter uma companhia sempre por perto para ter a sensação de segurança. A falta de independência e de confiança em si mesmo pode trazer muito sofrimento emocional para o indivíduo com agorafobia.

O simples fato de sair de casa para ir ao supermercado ou à farmácia, por exemplo, pode se transformar em uma experiência terrível e ameaçadora. Apesar de saberem que seus medos são irracionais, os agorafóbicos não conseguem deixar de pensar que estão em constante perigo.

Aracnofobia

Uma das fobias mais comuns está relacionada à aranha, um aracnídeo de oito pernas que pode ou não ser venenoso para o ser humano. Apesar da aparência assustadora, muitas espécies são inofensivas e quase invisíveis a olho nu. Porém, isso não impede que várias pessoas sintam medo excessivo desse animal.

O condicionamento na infância é uma das principais causas da aracnofobia. Muitas crianças são ensinadas por seus pais ou responsáveis a temer ou a evitar o contato com aranhas por causa da possibilidade de serem picadas. Quando chegam à idade adulta, não conseguem controlar o medo e a ansiedade diante desse bicho, mesmo que não represente um perigo real.

Claustrofobia

Permanecer por muito tempo em um lugar fechado e pequeno é o maior temor dos claustrofóbicos. Esse transtorno muitas vezes é confundido com a agorafobia, mas apresenta características distintas de diagnóstico. Quem sofre desse transtorno sente medo do confinamento em ambientes fechados.

Entrar em elevadores, trens do metrô e aparelhos de ressonância magnética, por exemplo, pode paralisar ou causar pânico em indivíduos que desenvolvem essa fobia, dificultando suas relações sociais e atividades do cotidiano. Estima-se que a claustrofobia atinja cerca de 4% da população.

Coulrofobia

O medo irracional de palhaços é denominado coulrofobia e, na maioria dos casos, é desenvolvido devido a experiências traumáticas na infância. Embora sejam coloridas e alegres, essas criaturas mascaradas típicas do circo transformaram-se no pesadelo de muitas pessoas.

As expressões faciais desconhecidas e os gestos exagerados dos palhaços são alguns dos atributos que causam pânico em quem sofre desse transtorno de ansiedade. Além disso, muitos filmes e seriados de terror têm o palhaço como protagonista, o que pode ter contribuído para o aumento dessa fobia entre adolescentes e adultos.

Fobia social

O transtorno de ansiedade social, ou fobia social, é caracterizado por uma ansiedade ou medo irracional de situações sociais corriqueiras. A pessoa teme ser rejeitada, humilhada ou avaliada negativamente pelos demais, por isso esquiva-se de falar em público, de conhecer novas pessoas, de ir a festas, de comer na frente dos outros, de conversar com figuras de autoridade ou até mesmo de sair de casa.

Com frequência, esse tipo de transtorno se desenvolve na infância ou início da adolescência, podendo permanecer até a vida adulta se não for tratado. A fobia social causa diversos prejuízos na vida de um indivíduo, pois afeta suas relações sociais, profissionais e amorosas, podendo evoluir para outros problemas de saúde mental, como depressão.

Glossofobia

Apesar de ser um grande desafio, muitas pessoas conseguem vencer a ansiedade de apresentar trabalhos ou fazer apresentações na frente de uma plateia. Mas, quando essa situação é paralisante e causa um medo persistente, é um alerta para o diagnóstico de transtorno mental.

Glossofobia é o termo usado para designar o medo irracional de falar em público. Um estudo publicado no International Journal of Research indica que aproximadamente 75% das pessoas sofrem dessa fobia. Esse transtorno traz diversas complicações para a vida social do indivíduo, já que essas situações ocorrem com frequência na escola e no ambiente de trabalho.

Hematofobia

Hematofobia, ou hemofobia, é o nome dado à patologia psicológica apresentada por pessoas que têm medo exagerado e irracional de ver sangue. O sintomas mais comuns são desmaio, enjoo, tontura, calafrio e falta de ar. Porém, esses sintomas podem variar de pessoa a pessoa dependendo do grau do transtorno.

Alguns hematofóbicos também podem desenvolver medo de objetos cortantes e perfurantes, como facas e agulhas, que podem estar associados ao sangramento. Por isso, muitas vezes deixam de fazer exames médicos que necessitam da retirada de sangue e uso desses instrumentos médicos. Como qualquer distúrbio exagerado, a pessoa precisa ser tratada para que não afete sua qualidade de vida.

Ofidiofobia

O medo irracional de cobras ou serpentes é chamado de ofidiofobia. Assim como a aracnofobia, esse é um dos transtornos de ansiedade mais comuns envolvendo animais. As pessoas que desenvolvem essa patologia começam a passar mal e a apresentar sintomas de pânico ao se depararem com esse tipo de réptil.

Em casos mais graves, somente a menção ou a visualização de uma imagem de cobra pode levar a pessoa a uma intensa reação de pavor, calafrios e, em alguns casos, problemas cardíacos.

Um dos motivos que tornam essa fobia uma das mais prevalentes na população geral é o fato de que algumas espécies de cobras são peçonhentas, ou seja, injetam seus venenos nas vítimas, sendo, muitas vezes, mortais. Mesmo sem nunca ter tido contato direto com esses animais, as pessoas podem desenvolver esse tipo de transtorno de ansiedade.

Para alguns neurocientistas, o medo de cobras é uma herança ancestral, pois esses animais representavam uma grande ameaça à sobrevivência, principalmente para os povos primitivos. Ao longo da evolução, as pessoas começaram a detectar os répteis que conseguiam se camuflar facilmente entre o mato e as árvores, reconhecendo o perigo.

Tripofobia

Apesar de parecer inusitado, a aversão a padrões irregulares ou a agrupamentos de pequenos buracos ou saliências atinge cerca de 15% da população. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade Emory, nos Estados Unidos, a tripofobia está mais relacionada à emoção de nojo do que de medo.

Os dados da pesquisa mostram que a reação das pessoas frente a um conjunto de furos ou buracos está relacionada a um mecanismo visual primitivo presente em todos os seres humanos. Ao contrário da resposta de luta ou fuga própria do medo, os voluntários do estudo tiveram uma resposta que retardou a ação, emitindo um alerta de cautela.

Existem também fobias específicas incomuns, como:

  • Amaxofobia
    Medo de estar em um veículo em movimento
  • Araquibutirofobia
    Medo de que comidas pastosas grudem no céu da boca
  • Barofobia
    Medo da gravidade
  • Geliofobia
    Medo de risadas

Sintomas das Fobias

Pessoas que apresentam fobias geralmente conhecem as causas dos seus medos e evitam ao máximo entrar em contato com o que temem, não apresentando sintomas expressivos no dia a dia. Porém, em alguns casos, o simples fato de pensar na origem da fobia já desencadeia uma série de manifestações adversas.

Apesar de variar de acordo com o tipo e o grau do transtorno, alguns sintomas são comuns a maioria das fobias e aparecem de forma repentina, principalmente quando ocorre um ataque de pânico. Entre os sintomas físicos, podemos destacar:

  • tontura e vertigem;
  • náusea;
  • tremores;
  • calafrios;
  • formigamento pelo corpo;
  • sudorese intensa;
  • dor de cabeça;
  • tensão muscular;
  • diarreia;
  • aumento da frequência cardíaca e palpitações;
  • boca seca;
  • dificuldade para respirar.

Há também sintomas psicológicos, como preocupação excessiva, fixação nos problemas, irritabilidade, dificuldade para dormir, desorientação, confusão mental e medo de perder o controle, de enlouquecer ou de morrer.

Em alguns casos, dois ou mais problemas de saúde mental podem acometer o mesmo indivíduo, como transtorno de ansiedade e depressão, podendo levar ao aparecimento de outros sintomas. Por isso, é importante procurar orientação de profissionais para receber um diagnóstico completo e preciso.

Diagnóstico de Fobia

Atenção: requer um diagnóstico de médico psiquiatra

O diagnóstico de fobias específicas é baseado em uma entrevista clínica completa e diretrizes de diagnóstico. Seu médico fará perguntas sobre seus sintomas e fará um histórico médico, psiquiátrico e social. Ele ou ela pode usar os critérios de diagnóstico do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado pela American Psychiatric Association.

Tratamento de Fobia

Atenção: requer um diagnóstico de médico psiquiatra

O melhor tratamento para fobias específicas é uma forma de psicoterapia chamada terapia de exposição. Às vezes, seu médico também pode recomendar outras terapias ou medicamentos. Na verdade, entender a causa de uma fobia é menos importante do que se concentrar em como tratar o comportamento de evitação que se desenvolveu ao longo do tempo.

O objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida para que você não seja mais limitado por suas fobias. À medida que você aprende a gerenciar e se relacionar melhor com suas reações, pensamentos e sentimentos, você descobrirá que sua ansiedade e medo são reduzidos e não estão mais no controle de sua vida. O tratamento geralmente é direcionado a uma fobia específica de cada vez.

Tratamento Médico e Terapias

Sessões de Psicoterapia

Conversar com um profissional de saúde mental pode ajudá-lo a controlar sua fobia específica. A terapia de exposição e a terapia cognitivo-comportamental são os tratamentos mais eficazes.

  • A terapia de exposição se concentra em mudar sua resposta ao objeto ou situação que você teme. A exposição gradual e repetida à fonte de sua fobia específica e aos pensamentos, sentimentos e sensações relacionados pode ajudá-lo a aprender a controlar sua ansiedade. Por exemplo, se você tem medo de elevadores, sua terapia pode progredir de simplesmente pensar em entrar em um elevador para olhar as fotos de elevadores, chegar perto de um elevador e entrar em um elevador. Em seguida, você pode fazer um passeio de um andar, depois andar em vários andares e, em seguida, andar em um elevador lotado.
  • A terapia cognitivo-comportamental (TCC) envolve a exposição combinada com outras técnicas para aprender maneiras de ver e lidar com o objeto ou situação temido de maneira diferente. Você aprende crenças alternativas sobre seus medos e sensações corporais e o impacto que eles tiveram em sua vida. A CBT enfatiza o aprendizado de desenvolver um senso de domínio e confiança com seus pensamentos e sentimentos, em vez de se sentir oprimido por eles.

Medicamentos

Os medicamentos podem ser usados ​​durante o tratamento inicial ou para uso de curto prazo em situações específicas e raramente encontradas, como voar em um avião, falar em público ou passar por um procedimento de ressonância magnética.

  • Bloqueadores beta. Essas drogas bloqueiam os efeitos estimulantes da adrenalina, como aumento da freqüência cardíaca, pressão arterial elevada, batimentos cardíacos e tremores de voz e membros causados ​​pela ansiedade.
  • Sedativos. Os medicamentos chamados benzodiazepínicos ajudam a relaxar, reduzindo a quantidade de ansiedade que você sente. Sedativos são usados ​​com cautela porque podem causar dependência e devem ser evitados se você tiver histórico de dependência de álcool ou drogas.

Internação para quem tem Fobia

Situações de crise e emergência: (011) 4668-7455 – opção 5

A internação para pacientes com fobia acontece só em casos mais graves que causam danos a saúde da pessoa.

Internação voluntária - com consentimento paciente

Se o paciente está ciente de sua situação e dos problemas com os quais convive, além de sofrer pelos sintomas da depressão, capazes de impactar vida, autoestima, trabalho e, principalmente, relacionamentos, a internação voluntária a ajuda a estar em contato com uma equipe multidisciplinar apta a zelar por seu tratamento e a reabilitá-lo de modo que possa voltar a conviver bem com si mesmo e com aqueles que ama.

Internação compulsória - contra a vontade do paciente

§ Internação involuntária: de acordo com a lei (10.216/01), o familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade de esse tipo de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.

§ Internação compulsória: neste caso não é necessária a autorização familiar. O artigo 9º da lei 10.216/01 estabelece a possibilidade da internação compulsória, sendo esta sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a sua condição psicológica e física.

Sobre o Hospital Santa Mônica

O Hospital Santa Mônica zela pela saúde mental de crianças (a partir dos 8 anos), jovens e adultos, além de tratar dependência química. Em 2019, completa 50 anos que atua como referência de hospital psiquiátrico, auxiliando também pacientes com depressão, em todos os seus estágios. Possui dúvidas sobre esse conteúdo? Para saber mais, entre em contato conosco preenchendo nosso formulário de atendimento.