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Primeiro dependente químico internado à força deixa clínica em São Paulo

O primeiro dependente químico internado compulsoriamente no Estado de São Paulo, Reinaldo Rocha Mira, de 62 anos, saiu pela primeira vez, nesta quinta-feira, da clínica em que é tratado e se juntou à família. Reinaldo estava internado desde janeiro e em março havia sido transferido para um centro terapêutico de Araçoiaba da Serra, na região de Sorocaba.

Na saída, ele foi abraçado pela filha mais velha, Ana Paula Mira, a mesma que o dopou com sedativos para possibilitar a internação. Depois, seguiu com a filha para casa dela, na zona leste de São Paulo. A saída, que faz parte do tratamento, vai durar cinco dias.

Reinado disse confiar no apoio da família para continuar longe das drogas que ele usou pela primeira vez aos 12 anos. “Tenho receio pela minha fraqueza, mas confio no apoio da minha filha e quero rever meus filhos.” O dependente em tratamento foi o primeiro internado à força no Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) no centro de São Paulo, assim que o governo estadual iniciou o programa de internação compulsória de dependentes químicos.

Ele era usuário de crack e morava na rua. A filha, a única dos cinco filhos que mantinha contato com o pai o atraiu com o pretexto de levá-lo ao médico e ofereceu um café com sedativo. “Tive de fazer isso, pois ele estava num período muito violento e não aceitaria o tratamento”, contava, enquanto aguardava a saída do pai. Segundo ela, Reinaldo era considerado um caso perdido. “Ele tinha levado todas as coisas de casa para trocar por droga e meus irmãos se afastaram. Passava a maior parte do tempo na rua.” Ela ficará responsável pelo pai até segunda-feira à noite, quando ele deve voltar para o centro terapêutico. “O mais difícil vai ser mantê-lo longe da rua e dos amigos, mas eu e ele sabemos que isso é necessário.” Reinaldo contou que os primeiros meses sem a droga foram muito difíceis. Depois, a saúde melhorou e ele até ganhou “alguns quilos”.

Agora, espera perseverar no tratamento. “Isso (a droga) não é um brinquedo e depois que entra é difícil sair. O vício é pior que uma doença”, disse. O tratamento deve durar um ano. O processo de ressocialização exige que ele saia mais algumas vezes e reforce os vínculos familiares. “Quando ele estiver bom, vai saber que tem uma casa para ficar”, disse a filha.

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